domingo, 5 de fevereiro de 2012

Residência popular verde


Francisco Maia Neto, discorre neste artigo sobre a sustentabilidade de Conjunto Habitacional. Como é de seu trabalho fala também sobre a acessibilidade dos prédios para as pessoas com deficiência. Dr. Francisco ministrou palestra sobre Desenho Universal no Seminário: Acessibilidade e suas Implicações, promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/MG e pela Coordenadoria Especial de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência - Caade/Sedese.Dr. Francisco Maia Neto publica artigos no Jornal Estado de Minas na coluna Mercado Imobiliário. É Presidente da Comissão de Direito à Construção da OAB/MG.______________________________________________________ 

Francisco Maia Neto
Publicação: 05/02/2012 04:00
No ano passado, o programa Sushi, sigla em inglês que significa Iniciativa de Habitação Social Sustentável, parte integrante de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) denominada Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), elegeu o Conjunto Habitacional Rubens Lara, construído em Cubatão-SP, como um projeto alternativo de moradia popular com padrões de sustentabilidade que podem ser replicados.

Essa iniciativa, da Companhia de Desenvolvimento Urbano e Social (CDHU), empresa do governo paulista, teve início em 2007, quando começaram as experiências de construções sustentáveis, as denominadas edificações verdes, aplicadas a casas populares. A ação ganhou destaque do organismo internacional, que somente encontrou exemplo similar na Tailândia, em Bangcoc.

Os novos conjuntos habitacionais que estão sendo construídos com tecnologias que lhes garantem sustentabilidade utilizam métodos voltados à economia de água e energia. Também empregam materiais menos impactantes ao meio ambiente, técnicas até utilizadas em edifícios corporativos do tipo AAA ou residenciais de alta renda.

Outro destaque para o programa habitacional verde é sua abrangência, que envolve não só a construção de novas moradias, mas a reforma de antigas unidades. Além disso, vincula-se a um planejamento mais abrangente, que envolve a remoção de pessoas instaladas em moradias situadas em áreas consideradas de risco.

As mudanças nesse tipo de edificação começam pelo topo, onde um sistema de placas de energia solar promove o aquecimento da água recebida da caixa d’água, que segue para um reservatório térmico e de lá pela tubulação de água quente chega até os chuveiros dos apartamentos.

O novo edifício tem também uma nova concepção arquitetônica, com maior verticalização, o que resulta em menor número de unidades por andar, maior área livre de terreno, onde utilizam-se pisos drenantes, que aumentam o grau de permeabilidade nas áreas externas dos conjuntos habitacionais.

Outro aspecto que chama a atenção é a colocação de janelas mais amplas nos apartamentos, especialmente quando comparadas com outras edificações próximas, o que permite maior ventilação e iluminação dos imóveis, bem como o aumento do pé-direito de 2,40m para 2,60m, o que facilita a aeração dos ambientes.

Não pode deixar de ser dado destaque a outro aspecto de fundamental importância: a preocupação dos projetistas com a acessibilidade. Portas mais largas auxiliam na movimentação de cadeirantes, e as janelas e interruptores encontram-se em altura adequada, assim como algumas unidades do andar térreo são destinadas a pessoas com deficiência.

Mas, como nem tudo é perfeito, enfrenta-se o desafio de conciliar o uso de materiais de custo mais acessível com tecnologias sustentáveis, ainda mais caras que as convencionais, como aquecedor solar em comparação com o chuveiro elétrico ou a medição individual de água contra a unificada.

Em defesa dessa nova realidade, o argumento mais forte é que se trata de um programa que visa buscar economia a longo prazo. Se construir de forma sustentável onera o orçamento em torno de 10%, pelos ganhos futuros, a palavra de ordem é que esse não deve ser considerado custo, mas investimento.