sábado, 4 de fevereiro de 2012

Cadeirante de Monte Carmelo vira exemplo de superação


Artigo enviado por Pedro Américo Sobrinho, formado em Educação Física pela UFMG, Especialista em Reabilitação e Esporte Adaptado pelo Instituto de Reabililtação e Esporte Adaptado de Colônia (Alemanha). Mestrado em Ciências da Educação pela Universidade Johann Wolfgang Goethe (Alemanha), com tese sobre Estimulação Sensoriomotora em Crianças com Paralisia Cerebral. Doutorado em Reabilitação pelo Instituto de Reabililtação e Esporte Adaptado de Colônia (Alemanha) com tese sobre Aspectos Motivacionais nas Terapias pelo Movimento e no Esporte de Reabilitação. Foi Presidente da SOBAMA - Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada. Professor da Escola de Educação Física, Fisioterapia eTerapia Ocupacional da UFMG por 31 anos, tendo ministrado disciplinas tais como: "Atletismo", "Teoria do Esporte Adaptado", "Esporte Adaptado e Paraolímpico", "Teoria do Esporte de Reabilitação", "Esporteterapia e Esporte de Reabilitação".

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Pablo Pacheco Especial para o CORREIO




Joana Heloi investiu R$ 10 mil em viagens até Uberlândia
Duas datas marcam a história de vida e superação da cadeirante Joana de Paula Heloi, de 26 anos de idade. Na primeira delas, 16 de março de 1991, quando tinha 5 anos de idade, ela brincava de bicicleta em uma fazenda do município de Monte Carmelo e foi atropelada por um trator. Com traumatismo craniano, Joana tentou caminhar após o acidente e desmaiou. Ao acordar, foi que percebeu a gravidade do ocorrido: sua medula espinhal tinha sido afetada e ela não tinha mais controle das pernas. Havia ficado paraplégica.
Ao contrário, a segunda data é motivo de orgulho e de superação. Em 21 de dezembro, a cadeirante Joana foi diplomada como cabeleireira pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de Uberlândia, isso após peregrinar diariamente por seis meses os 107 quilômetros que separam Monte Carmelo – cidade onde mora – e Uberlândia.
Mesmo sabendo das dificuldades que enfrentaria todos os dias, durante um semestre inteiro, na locomoção entre as duas cidades e cumprindo um trajeto de mais de 100 quilômetros, Joana decidiu que em 2011 realizaria o sonho de infância e se tornaria uma empresária do setor de beleza. Para tanto, contou com o apoio da mãe e do marido para se inscrever e começar, em junho, o curso de capacitação profissional de Cabeleireiro do Senac. “Gastei cerca de R$ 10 mil durante os seis meses de curso, pois tive que fazer minhas viagens diárias de táxi por não conseguir transporte público que atendesse às minhas necessidades de cadeirante. Mas encaro essas despesas como um investimento para que eu realizasse o sonho de virar proprietária de um salão de beleza”, disse Joana.

Perseverança virou incentivo

O esforço de Joana para superar o acidente na infância, conseguir se formar na faculdade de Administração de Empresas, em 2008, e seguir firme em seu propósito de virar empresária emociona as 18 colegas de curso no Senac.
A diretora da unidade, Vanessa Oliveira, explicou que o exemplo da cadeirante serve como inspiração. “A trajetória da Joana foi pontuada por momentos de superação. Muitas alunas que pensaram em desistir do curso voltaram atrás ao perceberem a garra da Joana.”
O esforço da cadeirante é constatado na lista de chamadas do Senac. Não fosse pelo único dia em que precisou faltar à aula por conta de uma consulta médica, Joana teria 100% de presença. Essa ausência Joana lamentou até o fim do curso em dezembro.

Desejo é também capacitar jovens

A cadeirante quer ir além. Agora, depois de formada, ela traça planos para abrir o tão sonhado salão de beleza em Monte Carmelo. Joana também pensa em passar para frente tudo o que aprendeu no Senac. “Continuo atuando como manicure em minha casa, em Monte Carmelo. A partir deste ano, com o meu certificado garantido, vou inaugurar o salão e, mais, quero fazer uma parceria com a prefeitura da minha cidade para abrir um curso que propicie o ensino profissionalizante aos jovens.”
Na última semana do curso, em dezembro, a diretora do Senac de Uberlândia, Vanessa Oliveira, ainda se surpreendia com o espírito aguerrido de Joana. À reportagem do CORREIO de Uberlândia, ela revelou que abonaria a única falta que a cadeirante teve durante os seis meses de curso.