domingo, 8 de julho de 2012

Liquidez na certa


Reportagem do Estado de Minas mostra a realidade das construções quanto à acessibilidade.Acessibilidade é direito, isto é fato! No país temos 46 milhões de pessoas com alguma deficiência, segundo dados do Censo 2010.Assim, não podemos olvidar que a acessibilidade é fundamental para a inclusão das pessoas com deficiência física. Ademais, estamos nos tornando um país de pessoas idosas. Tudo começa em casa. Um lar acessível é o mínimo que precisamos.Agora é fundamental que o mercado também se adapte a esta realidade e cumpra a legislação. Bom, com a expansão das compras por elevadores o normal em mercado financeiro é que os preços caiam cada vez mais. Para tanto é necessário também uma maior competitividade deste negócio, para que possamos ter uma maior variedade e escolher o melhor preço._________________________________________________________  Contar com elevador no edifício significa comodidade e maior agilidade na hora de negociar o imóvel. Mas gastos com manutenção devem ser levados em consideração

Júnia Leticia
Publicação: 08/07/2012 04:00
Analista de sistemas, Wesley Wagner Assis diz que apartamentos ficaram mais valorizados depois que o equipamento foi instalado no prédio  (Eduardo de Almeida/RA studio)
Analista de sistemas, Wesley Wagner Assis diz que apartamentos ficaram mais valorizados depois que o equipamento foi instalado no prédio

Atualmente, não há como pensar em edificações sem considerar a acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida. Esse conceito esbarra em práticas antigas, que desconsideravam que as construções tinham de favorecer a mobilidade. Por isso, não é raro ver prédios que limitam o acesso de seus visitantes por não ter elevadores. Isso também pode acarretar em menor liquidez do imóvel, tanto na hora da compra quanto do aluguel.

Diretora de locação da Era Imóveis, licenciada à Rede Morar, Renata Araújo Rocha diz que razões econômicas contribuem para a decisão de implantar o equipamento em um prédio. “Um elevador residencial para seis, sete pessoas, com três paradas, custa em torno de R$ 80 mil, o que, na prática, aumenta o custo de cada unidade em aproximadamente R$ 13 mil”, informa.

Além disso, Renata lembra que há o custo de manutenção mensal dos equipamentos, que impactam no valor das taxas de condomínio. “Atualmente, o perfil dos compradores em condomínios tende a pender para a aquisição de apartamentos com o menor custo possível de taxa de condomínio. Esse também é o raciocínio dos potenciais locatários de imóveis de qualquer natureza”, observa.

Por isso, mesmo com a necessidade cada vez maior de se promover a acessibilidade, contar com elevador não significa grande valorização de um apartamento, conforme a diretora de locação da Era Imóveis. “Ter o equipamento em prédios pequenos implica valorização muito pequena, em torno de 3% a 5% do valor do imóvel.”

Mas quando o assunto é liquidez, a história muda. “Um apartamento de três quartos em prédio com elevador é vendido ou alugado mais rápido do que um similar em prédio sem elevador, mais em virtude da limitação dos potenciais compradores/locatários”, exemplifica.

FACILIDADE Morador de um edifício de quatro andares construído há quatro anos, o analista de sistemas Wesley Wagner Assis conta que, há três anos, os condôminos decidiram pela instalação do equipamento e, de lá para cá, os imóveis começaram a ser vendidos com mais facilidade. “Quando se coloca um apartamento para vender, às vezes em uma semana está vendido.”

A decisão pelo elevador foi em função da comodidade e facilidade de acesso para as pessoas idosas. “Contratamos uma empresa e, em dois meses, o equipamento estava instalado. O valor foi rateado proporcionalmente ao andar. Com relação à taxa de condomínio, se aumentou foi em torno de R$ 30 a R$ 40”, diz Wesley.

No entanto, o sócio-diretor da Viabile Planejamento e Projetos e presidente da Regional Minas Gerais da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip-MG), Breno de Assis Oliveira, reconhece que a busca pela economia, que ainda hoje considera cortar o máximo de custos possíveis durante o projeto de edificações, é um dos motivos para que alguns prédios não tenham elevador. “Essa cultura visa, de forma errônea, ao maior lucro possível durante as obras em detrimento de maior valor agregado, que garantiria os lucros do investidor por meio dos diferenciais apresentados pela edificação.”

Só que, atualmente, o contexto é outro. Antigamente, os custos decorrentes da instalação de um elevador eram considerados altos e presumia-se que o consumidor não pagaria pelo equipamento, segundo Breno. “Porém, com o mercado imobiliário em franca aceleração, é impossível pensarmos hoje em edificações sem acessibilidade”, diz.