sábado, 15 de outubro de 2011

Artigo do Jornal Estado de Minas


OPINIÃO »Ver o mundo com bons olhos


Etelvino Teixeira Coelho - Oftalmologista, diretor do Centro de Correção da Visão a Laser
Publicação: 15/10/2011 04:00



A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 314 milhões de pessoas sofrem de algum tipo de cegueira em todo o mundo. No Brasil há cerca de 1,1 milhão de cegos – 0,6% da população do país – a grande maioria tem mais de 60 anos e é das camadas mais pobres da população, atingindo principalmente as mulheres, que têm menor acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS).
No Brasil são realizadas cerca de 400 mil cirurgias de catarata por ano, mas esse número precisaria aumentar para 600 mil cirurgias/ano, para que os objetivos da Campanha do Dia Mundial da Visão (comemorado em 13 de outubro) sejam alcançados até 2020. Programas de doação de córneas devem ser implementados pelo Ministério da Saúde para estimular os brasileiros a doarem suas córneas. O objetivo até 2020 é zerar a fila dos transplantes de córnea, a exemplo de países do primeiro mundo onde não mais existe espera por córneas doadas e até sobram córneas, que são processadas e distribuídas pelo mundo.
Com o teste do olhinho, hoje obrigatório por força de lei estadual nos berçários das maternidades, o médico pode examinar o fundo de olho dos recém-nascidos, em busca de doenças congênitas que possam ser tratadas de imediato. As crianças em fase escolar, portadoras de defeitos da refração (miopia, astigmatismo e hipermetropia), olho preguiçoso, estrabismo e dislexia, apresentam sérios problemas na aprendizagem e na alfabetização, que levam à repetência e mesmo à evasão escolar.
Defeitos da refração, como a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo, a presbiopia (vista cansada), hoje já podem ser tratados e curados em segundos; o ceratocone (córnea cônica) hoje já é tratado com o implante de segmentos acrílicos no interior da córnea e a aplicação de radiação UV associada à riboflavina (cross linking de colágeno).
O glaucoma – que cega silenciosamente de forma lenta e covarde – só pode ser diagnosticado com a visita periódica ao oftalmologista, com o exame de fundo de olho, com análise do nervo óptico – a realização da medida da pressão intra-ocular e do campo visual, já pode ser tratado, em sua maioria, com a instilação diária de uma simples gota de colírio.
A retinopatia diabética, que lesa a visão de 80% dos diabéticos e leva à perda visual, pode ser prevenida e acompanhada, com o exame periódico de fundo de olho, associado a exames microscópicos das camadas da retina, como a angiofluoresceinografia e a tomografia de coerência óptica (O.C.T.), e tratada com aplicações de laser de argônio e injeções intravítreas de novas substâncias chamadas anti-VEGF, utilizadas também para tratar a degeneração macular senil. Os acidentes vasculares com obstrução da rede arteriovenosa da retina também se beneficiam com essas terapias associadas ao laser de argônio. As distrofias da retina como a retinose pigmentar, que levam à cegueira, já apresentam esperança de novos tratamentos experimentais, com a utilização de terapia de células-tronco.
Assim, vemos que, felizmente, a maior parte das doenças oculares podem ser evitadas, prevenidas e tratadas com sucesso. Por isso mesmo, visite anualmente o seu oftalmologista e faça a rigorosa prevenção dessas doenças, que podem lesar para sempre a visão, o mais importante sentido do ser humano. Perpetue o seu olhar: doe seus olhos e veja o mundo com bons olhos!