domingo, 4 de agosto de 2013

Belo-horizontina Nota Dez

Este é um artigo que me chamou a atenção, não só pela questão social, mas pela vontade de um ser humano em fazer algo, de inovar, pensando na inclusão.
Eni D'Carvalho, não a conheço, mas fiquei extasiada com a reportagem da Revista Veja informando seu belo trabalho construtivo, de reconhecimento social, de cidadã que merece todo respeito.
Digo sempre que cada um tem que fazer sua parte: estado e cidadão e a Eni é uma dessas pessoas que possui o senso da responsabilidade social.
Acredito fielmente nisto.
Parabéns Eni pelo belo trabalho, levando e difundindo ao mundo a inclusão.

ANA LÚCIA DE OLIVEIRA
Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/MG
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Nome: Eni D’’Carvalho | Profissão: arte-educadora | Atitude transformadora: inclusão de deficientes visuais nas artes plásticas por meio de suas pinturas táteis
por Rafael Rocha
"Um cego me disse que sentir minhas telas o fez nascer de novo. Essa é minha alegria"

Quando o Museu de Arte da Pampulha recebeu 42 esculturas da artista francesa Camille Claudel (1864-1943), em 1998, houve deficientes visuais que não puderam apalpar algumas obras e saíram de lá frustrados. Na mesma ocasião, a educadora Eni D’Carvalho foi ajudar seu filho em uma tarefa escolar sobre árvore genealógica e decidiu fazer uma tela com colagens de brinquedos e roupas. A possibilidade de tocar o trabalho deixou os colegas de sala do menino deslumbrados. A comoção de Eni ao saber do primeiro episódio somou-se à surpresa com o segundo, e ela teve um lampejo: tornar o mundo das artes acessível aos cegos. Embora não tivesse nenhum parente ou amigo que não enxergasse, tomou a causa para si. “Eu estava me aposentando e quis me dedicar a algum trabalho soci al”, explica. “Logo pensei nos deficientes visuais, porque são excluídos do meio cultural. A cidade não está adaptada para eles.” 

Há quinze anos, Eni virou uma arte-educadora cujos pincéis trabalham em pinturas táteis. Cheios de ranhuras e texturas, seus quadros ampliam os horizontes para as pessoas que perderam a visão. Mesmo sem grande apoio do métier das artes plásticas, ela persiste sem preguiça no ofício de pintar para os cegos. Seus vizinhos já estavam incomodados com tanta tela e tinta ocupando espaço no prédio onde mora, no Sion. Por isso, a artista abriu recentemente um ateliê no Alto Caiçara, na Região Noroeste, onde guarda cerca de 600 obras que podem ser apreciadas em visitas agendadas (
8735-9567) e gratuitas. “Percebo nos deficientes uma satisfação por se sentirem incluídos”, afirma. 

Seu trabalho vem chamando atenção e rendendo convites para exposições - já foram 165 - pelo país e também no exterior. Uma delas foi na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Atualmente, Eni está em fervilhante fase de produção de uma mostra em Portugal - onde é conhecida como “a escultora do escuro” -, marcada para novembro. “Um cego me disse que sentir minhas telas o fez nascer de novo”, lembra. “Essa é minha alegria.”

Este artigo foi enviado ao meu e-mail pela Eni D'Carvalho, o qual foi publicado pela Revista Veja.