segunda-feira, 30 de abril de 2012

Santa Rita do Sapucaí/MG realiza a I Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência


I Conferência Municipal da Pessoa com Deficiência é realizada em Santa Rita
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A I Conferência Municipal da Pessoa com Deficiência de Santa Rita do Sapucaí ocorreu no auditório da Escola Estadual Doutor Luis Pinto de Almeida, na manhã desta quinta-feira (26). O encontro discutiu as necessidades, propostas e elegeu delegados que devem representar Santa Rita na Conferência Estadual no mês de junho.

Durante toda a manhã, a coordenadora da Coordenadoria Especial de Apoio e Assistência da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, Ana Lúcia de Oliveira, falou sobre a importância da criação do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e da conferência estadual.

Ela diz que a garantia de direitos é o principal ponto a ser conquistado pelas pessoas com deficiência. “A questão da saúde, da educação, do trabalho que são questões de direito. Na verdade nós já evoluímos, mas temos muito a evoluir para chegar ao nosso objetivo que é a inclusão”.

Os municípios brasileiros têm se adequado para garantir a acessibilidade de pessoas com deficiência. Porém, para Ana Lúcia a acessibilidade vai além da pessoa com deficiência. “A acessibilidade para todo mundo. É para gestante, idoso e criança. A acessibilidade hoje não é mais física, hoje é da informação e da comunicação”.

De acordo com a presidente da Associação dos Deficientes do Vale da Eletrônica (Adevale), Joycinéia da Silva Gertrudes, na conferência também será discutido sobre a criação do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência. “O primeiro passo nós demos. Então é importante que as pessoas se conscientizem e procure a Adevale para saber como participar do movimento da acessibilidade”.


Fonte: http://www.difusora1550.com.br/noticias/jornal-noticias-do-dia/?id=3340

Conferências Municipais dos Direitos da Pessoa com Deficiência


23/04 - Cidades mineiras se preparam para Conferência da Pessoa com Deficiência


Conferência da pessoa com deficiência em Três CoraçõesOs municípios mineiros estão se mobilizando, desde março deste ano, para promover melhorias das políticas públicas destinadas às pessoas com deficiência.  Mais de 50 cidades estão envolvidas e vão promover, até o dia 30 de abril, conferências municipais ou regionais para discutir e elaborar propostas a serem apresentadas no encontro estadual, marcado para 19 a 21 de junho, em Belo Horizonte.

Com o apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), os municípios provocam discussões divididas em quatro eixos: Educação, esporte, trabalho e reabilitação profissional; Acessibilidade, comunicação, transporte e moradia; Saúde, prevenção, reabilitação, órteses e próteses; Segurança, acesso à justiça, padrão de vida e proteção social adequados.

Os municípios de Varginha, Timóteo, Governador Valadares, São Tomé das Letras, Araguari, Três Corações e Itabira já realizaram suas conferências e apresentaram demandas que podem ser transformadas em políticas públicas em prol das pessoas com deficiência de todo o Estado.

“Com a apresentação das propostas, vamos saber o que os municípios precisam e querem do Estado. Além disso, teremos discussões importantes para a elaboração do Plano Estadual de Políticas para Pessoas com Deficiência”, destacou a coordenadora Especial de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência, Ana Lúcia Oliveira.

Cada conferência elege delegados para representarem os respectivos municípios na III Conferência Estadual ‘Um Olhar para a Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência’. O evento será promovido pela Sedese, por meio da Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência (Caade), e pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONPED).

O encontro estadual visa o processo de construção e reestruturação das Redes Estadual e Nacional de Proteção e Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, além de identificar avanços, desafios e priorizar as demandas no âmbito estadual e federal. A expectativa é que cerca de 40 propostas, oriundas da conferência estadual, sejam levadas à Conferência Nacional, a ser realizada em Brasília, de 3 a 6 de dezembro.  

Próximas conferências
24 de abril
 – Limeira, Rosário de Limeira, Sabará, São Lourenço, Três Marias e Martinho Campos
25 de abril – Itajubá, São Tomé das Letras, Uberlândia.
26 de abril – Araxá, Barbacena, Capelinha, Cássia, Cláudio, Coronel Fabriciano, Lassance, Lavras, Piraúba, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí, Uberaba.
27 de abril – Brumadinho, Cataguases, Guarani, Itapecirica, Ouro Preto, Poços de Caldas, Santa Luzia e São João do Paraíso.
28 de abril – Divinópolis, Ipatinga,
30 de abril – Piumhi, São João Del Rei.

Informações sobre as conferências municipais devem ser solicitadas por meio do e-mail: conferenciapcd@social.mg.gov.br .
Informações para imprensa: Assessoria de Comunicação 3916-8235/8234

Bebês dentro do padrão




Minha opinião:
A medicina preventiva. Algo que sonho que seja a realidade na saúde do Brasil, fazendo com que as pessoas com deficiência sejam independentes quando na fase adulta.Descobrir uma deficiência quando bebê e trabalhar na reabilitação dessa criança é fundamental para uma adolescência e vida adulta saudáveis. Hoje, infelizmente, deparamos com pessoas com deficiência em reabilitação na fase adulta, e por isto, dependente da família e do Estado.A utilização da medicina preventiva, trabalhando na reabilitação desde cedo da pessoa com deficiência, evitará muitas mazelas que enfrentamos hoje.Um tratamento adequado, através de uma equipe multiprofissional, fará com que os adultos estejam mais integrados e incluídos, até mesmo não precisando de Benefícios do governo para se manterem, pois estarão de tal forma preparados, saudáveis, integrados, até mesmo no trabalho.Não atuo com finanças, nem tenho esta pretensão, mas na minha concepção acho óbvio que seria uma economia para o país cuidar de uma pessoa com deficiência desde criança, preparando-a para vida independente, ratifico, através de uma equipe multiprofissional, estando incluído nesta reabilitação a educação especial, quando necessário.O que vemos hoje são pessoas adultas em tratamento e muitos dependendo de benefícios, a margem, muitas vezes de uma vida digna, até mesmo de uma VIDA, o que poderia ser diferente caso tivessem um tratamento preventivo na tenra idade.Não me deixa mentir o teste do pezinho e tantos outros exames, porém estamos aquém do ideal a que temos direito. É preciso mais, e este mais está nas mãos destes profissionais, como da Dra. Ana Paula Bensemann e da Dra. Eugênia Valadares, pediatra, geneticista e professora e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, que está a frente de uma importante criação de Oscip, da qual tenho orgulho de está contribuindo e fazer parte desta história, não só para mudar a realidade de crianças com doenças raras em Minas Gerais, como no Brasil.São pessoas que fazem a diferença, contribuindo com suas experiências!Vou terminar com uma frase singela: "O Estado somos todos nós"! Acredito nisto e faço a minha parte!Não. Vou finalizar com esta frase: ""O método é muito barato: é necessário um colchão, um banco para a criança se firmar de pé e brinquedos adequados à idade".Acredito que temos que andar de mãos dadas com o Estado (falo da federação) e não individualmente, pois cada um tem sua responsabilidade neste cenário.Ana Lúcia de Oliveira
Artigo publicado no Jornal Estado de Minas, no caderno Ciências, do dia 30/04/2012.Pesquisa feita na UFMG comprova metodologia canadense que avalia e identifica o desenvolvimento motor de bebês
Professora do Departamento de Fisioterapia da UFMG, Ana Paula  Bensemann diz que com análise correta é possível identificar preventivamente problemas e encaminhar a criança para reabilitação  (Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Professora do Departamento de Fisioterapia da UFMG, Ana Paula Bensemann diz que com análise correta é possível identificar preventivamente problemas e encaminhar a criança para reabilitação
Pequenas diferenças entre brasileirinhos e estrangeiros



Elian Guimarães

Publicação: 30/04/2012 04:00


Um estudo com o objetivo de confirmar para o Brasil uma avaliação de origem canadense que acompanha o desenvolvimento  motor grosso de crianças de até oito meses de vida, usando a escala Alberta Infant Motor Scale (Aims), acaba de ser concluído na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No Brasil, segundo a pesquisadora e professora do Departamento de Fisioterapia da UFMG Ana Paula Bensemann Gontijo, autora do trabalho, faltavam instrumentos padronizados para nossa população. Isso porque na prática clínica, os pesquisadores usam alguns instrumentos e metodologias voltados para a população estrangeira, em sua maioria desenvolvidos no Canadá, nos Estados Unidos ou na Europa, baseando-se numa realidade diferente da socioeconômica e cultural do brasileiro.


Uma das maiores contribuições de Ana Paula foi justamente validar uma metodologia que avalia e identifica um período importantíssimo na vida do bebê: a função motora grossa, que na faixa etária que pesquisada indica aspectos do desenvolvimento infantil como rolar, engatinhar, sentar, ficar de pé, dar passos e andar independentemente. 


Nessa escala, explica Ana Paula, avaliam-se quatro posições: prono (de barriga para baixo), supino (barriga para cima); sentado e em pé. A avaliação acompanha gráficos com desenhos motores que são esperados de serem observados e é fácil de ser discutida tanto com os pais como com os profissionais da saúde (médicos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos). “Um dos objetivos do método Alberta é avaliar e identificar crianças com atraso motor, acompanhar longitudinalmente o desenvolvimento motor grosso até os oito meses e testar a eficácia dos programas de intervenção,” diz a professora.


O método Alberta dispõe de uma curva gráfica de percentis – tabelas de medições para comparar e avaliar o crescimento da criança com referência a uma escala padrão, no qual os parâmetros levam em conta peso, altura e circunferência da cabeça –, que variam de cinco, 10, 25, 50, 75 e 90, sendo que os pontos de corte de cinco e 10 são importantes para detectar o atraso motor. O percentil 10 vai até o quarto mês e o cinco a partir do oitavo mês. Todas as crianças até o quarto mês que estiverem abaixo do percentil cinco deverão ser encaminhadas para acompanhamento ou intervenção na área de reabilitação infantil.


No trabalho, a professora da UFMG identificou alterações nas curvas principalmente nos meses iniciais, sugerindo o uso da curva da avaliação brasileira para sua adoção na prática clínica e em pesquisas. “Um ponto muito positivo é que Belo Horizonte foi dividida em três grandes blocos de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), única variável que pode ser extrapolada para todo o país por ser ela representativa. No entanto, sabemos que o país é muito grande, com diversidades culturais específicas e regionais e essas características podem trazer impacto no desenvolvimento das crianças,” explica a professora. Outras questões regionais de práticas maternas poderão ser pesquisadas no futuro a partir desse estudo, detectando o impacto das variáveis no desenvolvimento motor dos bebês. 


Uma criança com atraso motor pode apresentar outros problemas, como uma paralisia cerebral, e por essa razão a detecção é muito importante: quanto mais cedo ela for encaminhada para reabilitação, maiores as chances de recuperar o ritmo do desenvolvimento. Ana Paula Gontijo trabalha com a questão do desenvolvimento infantil desde que se formou e vinha percebendo a necessidade de sistematizar a prática clínica e a pesquisa: “Uma das formas de se fazer a sistematização é por meio do uso de teste padronizado. Como já é documentado na literatura que o uso de testes estrangeiros não é adequado para todas as realidades culturais e econômicas, surge a necessidade da tradução e validação desses instrumentos para a população brasileira. Minha proposta foi avaliar se esse instrumento poderia ser usado na nossa cultura baseando-se nessa curva de desenvolvimento com dados normativos canadenses.”


 O Brasil é o segundo país em número de publicações que usam o método Alberta. “Ele é muito barato. Todas as demais avaliações dispõem de um kit, num custo em torno de U$S 1 mil. O Alberta qualquer pessoa, em qualquer condição ou situação dentro do país, pode usar. É necessário um colchão, um banco para criança se firmar de pé e brinquedos adequados à idade. Daí, usamos uma formatação em forma de gráficos, com figuras, para facilitar a discussão dos resultados da avaliação com os pais e os profissionais envolvidos”, explica a professora.
"O método é muito barato: é necessário um colchão, um banco para a criança se firmar de pé e brinquedos adequados à idade" 


Ana Paula Bensemann Gontijo, pesquisadora e professora da UFMG




Elian Guimarães

Publicação: 30/04/2012 04:00

A pesquisa durou quatro anos. Três em coleta de dados que alcançou as nove administrações regionais de Belo Horizonte, onde foram visitados postos de saúde, unidades municipais de ensino infantil (Umeis), consultórios médicos, creches e berçários. O fechamento do trabalho foi em janeiro deste ano e já foram encaminhados dois artigos para publicação internacional.


Foram avaliadas 660 crianças de até oito meses de vida, divididas na mesma relação proporcional da mostra do Canadá, onde foram pesquisados 2.200 bebês, com a mesma proporção de sexo. Nesse ponto ,houve uma descoberta importante: a literatura, até então, sugeria que o sexo masculino teria um desenvolvimento motor grosso mais acelerado. No entanto, os resultados desses estudos não identificaram essa diferença, conforme conta Ana Paula.


 O estudo indicou algumas diferenças em relação ao desenvolvimento entre brasileirinhos e canadenses. Esse aspecto, segundo ela, também foi observado em outros países onde houve validação do método. Entre crianças holandesas, que nasceram com 37 semanas ou com menos tempo de gestação, foi observado desenvolvimento motor inferior em relação às canadenses. No Brasil, o resultado indicou uma avaliação motora diferenciada no percentil final, comparado ao canadense, entre 5 e 10.


 Uma das questões levantadas na pesquisa foi que a posição prona (de bruços) é muito importante para o desenvolvimento motor. Entretanto, essa posição deixou de ser recomendada, uma vez que demonstrou ser em grande número de incidências, a causa de morte súbita de bebês. A avaliação Alberta foi desenvolvida anteriormente a essa advertência. Já ficou documentado em estudos no Brasil que os pais brasileiros estão conscientes e têm evitado essa posição. Esse pode ser um dos fatores a esse ritmo de desenvolvimento mais lento das crianças brasileiras.

domingo, 29 de abril de 2012

Palavra de presidente


Reportagem extraída do Jornal Estado de Minas.Sérgio Sampaio fala às claras da dificuldade encontrada na entidade em que trabalha, traduzindo a angústia de muitas, que como a Apae são íntegras em seus trabalhos em prol do desenvolvimento social.Excelente reportagem, que destaca a realidade!_________________________________________________________________Administrador da Apae-BH moderniza a gestão da entidade, revela o desejo de torná-la modelo de atendimento social no país e faz duras críticas ao funcionamento das ONGs

Mírian Pinheiro
Publicação: 29/04/2012 04:00
Sérgio Sampaio Bezerra,  presidente da Apae-BH  (Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
Sérgio Sampaio Bezerra, presidente da Apae-BH


érgio Sampaio Bezerra, 44 anos, é presidente da Apae-BH há pouco mais de ano. Um pernambucano que prefere se intitular brasileiro, de tanto que já morou por diversas cidades do país. Toda tarde Sérgio dá expediente na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae-BH) como voluntário. O sustento vem do trabalho de assessor parlamentar, embora a vida o tenha levado para o caminho da organização social. Formado em economia pela Universidade Federal de Pernambuco e mestre em administração pela Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro, ele conta que tudo começou quando passou em um concurso público na área de saúde pública no Ministério da Saúde, tornando-se assessor de uma diretora que trabalhava com projetos para grupos específicos, como o das pessoas com deficiência.

Ele acabou se identificando com o tema e resolveu fazer um redirecionamento de carreira, participando de um processo de seleção para secretário-executivo da Federação Nacional das Apaes, da qual foi funcionário por três anos. De lá veio para Minas Gerais ser voluntário na federação de Minas Gerais, até receber o convite para presidir a unidade de BH. Orgulhoso, ele diz que o movimento apaeano mineiro é o carro-chefe do movimento no Brasil, e ambiciosamente afirma que vai transformar a entidade da qual é presidente num modelo de atuação nacional. Minas Gerais possui a maior rede do Brasil: sedia 420 das 2100 unidades existentes no país. O trabalho para implementar serviços de qualidade que possam ser reproduzidos por todas as unidades já começou. “A de BH será a melhor do Brasil!”, garante. Para isso, um novo modelo de governança já está na ordem do dia, a partir da formação de um pacto de gestão entre a federação estadual e a entidade. 

Posicionamento Dono de opiniões firmes e consistentes sobre o terceiro setor, Sérgio é crítico ferrenho das iniciativas que colocam as organizações não governamentais (ONGs) no mesmo nível, desconsiderando a seriedade do trabalho de muitas, como a Apae. A definição de ONG hoje, para ele, é muito ampla, o que não é bom. “Organização social necessariamente tem que ter uma base popular. É diferente uma entidade que surgiu da necessidade de um grupo da população, como a nossa, desejosa de estruturar serviços para atender seus filhos, daquela cuja base popular não existe”, explica.

Na verdade, hoje qualquer pessoa pode fundar uma ONG. As de origem duvidosa estão aí, na mídia, protagonizando seus escândalos. O que vem colocando a credibilidade das entidades sérias numa situação desconfortável. “Somos vítimas de um juízo de valor sem critério, sem separar o joio do trigo”, desabafa. Nesse sentido, o governo prepara o lançamento de um marco regulatório para o setor. Com ele se espera conseguir definir melhor as diretrizes das organizações da sociedade civil. “Na hora que vemos ONGs com uma lógica muito mais privada do que social, isto é um problema. Se ela não tem base popular, sua lógica é individual. Não podemos terceirizar as políticas públicas sociais”, argumenta. O marco, ele diz, só não pode interferir nas ações da sociedade, engessá-las. Na sua visão, cabe ao Estado parcerias e não imposições. “É o mesmo que dizer, ‘olha, financio, mas agora você vai fazer o que quero”, compara.

É claro que uma regulação impositiva pode fazer com que a sociedade perca o direito de se contrapor ao Estado. Pela própria dinâmica de funcionamento, organizações dessa natureza são as que mais fazem prospecções de tecnologias sociais novas – e muito mais facilmente que poder público. O teste do pezinho, que hoje se tornou obrigatório em todas as unidades de saúde do SUS, foi uma tecnologia desenvolvida dentro de uma Apae – um avanço possível graças à independência na gestão e na atuação da entidade. 

Gestão transparente Os recursos da instituição vêm de doações da sociedade – e luta-se muito atrás dessa doações. A unidade de BH, por exemplo, tem parceria com o governo do estado, com a Secretaria Municipal de Saúde com o SUS. Mas cerca de 80% da receita da entidade advém de doações particulares, è uma sociedade entre amigos e pais, com direito a voto, e a eles são prestadas contas. Por força de estatuto, não há um valor predeterminado para as doações, mas na da capital se instituiu um valor mínimo de R$30. A de BeloHorizonte trabalha com pessoas com deficiência intelectual e múltipla, em todo o seu ciclo de vida, desde a estimulação precoce até o processo de envelhecimento. É que, com o envelhecimento populacional, o deficiente intelectual também teve aumentada sua expectativa de vida. São aproximadamente 500 pessoas matriculadas em turnos alternados e cerca de 100 mães assistidas profissionalmente.

Nela há também as figuras do presidente, vice-presidente, diretores financeiros e administrativos. Todos voluntários. Grosso modo, antes de se chegar aos sócios, o presidente presta conta a um conselho fiscal, que analisa e aprova as contas. O conselho de administração as ratifica e a assembleia também, e tudo isso é registado em ata. A transparência é total. Se não for assim, os sócios podem destituir o presidente. Numa lógica contábil, o administrador prevê a receita e fixa as despesas. Mas a Apae e outras ONGs sérias trabalham numa lógica inversa. Têm-se as despesas e há de se correr atrás das receitas para fechar o ano – na maioria das vezes no vermelho.

Segundo Sérgio Sampaio, uma instituição social, fundada por uma empresa, não passa por essas dificuldades financeiras para sobreviver. E, na maioria das vezes, são elas que injustamente tornam-se agentes políticos mais ativos, porque passam a ocupar assentos nos conselhos nacionais de assistência social, estabelecendo políticas de atuação para o setor a partir do modelo delas. O que gera, na visão dele, uma distorção, pois abre uma competitividade injusta no mercado social. “Na hora que se tem um financiamento público, aparecem ONGs de diferentes origens disputando o dinheiro, e algumas nem sempre com boas intenções. Isso acaba excluindo as ONGs sérias que fazem um trabalho de ponta, aonde o estado não chega”, critica.

Para ele, há uma diferença grande entre responsabilidade social e filantropia. “Mais do que financiamento público, precisamos despertar a consciência dos cidadãos sobre o trabalho fundamental das ONGs para o desenvolvimento social. Quanto mais dependentes estamos do dinheiro público, mais perdemos a capacidade de sermos agentes sociais transformadores que fazem a diferença”, defende. Hoje, muitas Apaes vivem um dilema: ou se contrata um profissional de saúde para atender o matriculado ou um burocrata para atender o poder público, de tão rígidos os critérios para obtenção de financiamento público. Para ele, o marco regulatório poderá mudar positivamente os controles para liberação de recursos, expurgando certos procedimentos que não fazem muito sentido, o que facilitaria a gestão das instituições.

Uma maneira justa para distribuir benefícios, na visão de Sampaio, seria garantir isenção de impostos às empresas parceiras. Um decreto recente já parece contemplar a pessoa física, que pode contribuir com ONGs e ter o valor descontado no Imposto de Renda.

Movimento apaeano


Segue abaixo reportagem extraída do Jornal Estado de Minas.

Publicação: 29/04/2012 04:00
Hoje está mesmo cada vez mais difícil para as ONGs sobreviverem – até mesmo a Apae, que tem 56 anos de história e é respeitada. Na de BH, por exemplo, o custo médio de cada matriculado é R$ 600. Sérgio fala que trabalha gerenciando deficit. Mesmo assim, as entidades estão em um momento de mudança, embora ainda haja vestígios de uma antiga ordem misturadas às inovações promovidas pelo novo contexto de relação da sociedade com a deficiência. “O nosso modelo é voltado para um público mais comprometido. Tecnicamente tratamos de um deficiente intelectual que precisa de apoio mais extensivo e generalizado, porque os deficientes intelectuais menos comprometidos já estão na escola formal e no trabalho, totalmente incluídos”, observa.

A redefinição de público resultou numa readequação dos serviços; a da capital oferta aos seus assistidos oficinas de culinária, de sorvete e picolé e de produção de sabonetes e mantém uma lojinha permanente. A receita vem, basicamente, da venda desses produtos, da doação voluntária e algum repasse público. Daí a necessidade da promoção constante de eventos para garantir sua subsistência. A Apae de BH tem 185 funcionários, sendo que 36 são cedidos pelo estado. No último ano, a administração conseguiu reduzir em R$130 mil as despesas da entidade, resultado da revisão de todos os contratos de serviço. Mas os recursos ainda são insuficientes diante dos gastos e da despesa com novos programas que estão sendo implementados, como os de autogestão e autodefesa.

Ambos estão inseridos dentro de um novo modelo mundial de assistência que defende o direito de escolha do deficiente intelectual. Para isso, as instituições devem criar mecanismos para que ele expresse a sua vontade. Nesse sentido, o programa Educação para e pelo Lazer tornou-se projeto central da instituição mineira. Ele atende o jovem/adulto por meio da arte, do lazer e do esporte. Hoje a Apae-BH oferece diversas ações visando a autonomia de seus assistidos, além do ensino fundamental até as séries iniciais. Na nova proposta, pretende-se estender as iniciativas e levar o ensino formal até as séries finais dentro do programa de trabalho, emprego e renda. Mas de uma forma diferente da tradicional sala de aula. O aprendizado será por meio de vivências. Os conteúdos das séries finais serão introduzidos nas oficinas práticas. 


Serviço
Informações sobre doações podem ser obtidas 
pelo endereço eletrônico doacoesbh@apaebrasil.org.br 
e pelo Tele-Apae (31-2532-5700). A Apae-BH 
também tem parceria com a Cemig, com o Apae-Energia, 
em que o doador pode descontar sua 
contribuição diretamente na conta de luz .