sábado, 5 de novembro de 2011

Qual a diferença entre cota e inclusão?


Muitas pessoas acabam por confundir estes dois conceitos, mas näo por acaso. Mídia, mercado, universidades e qualquer instituição que tem por dever o cumprimento de cotas, acaba mostrando ao público um mundo fantasioso, onde o simples fato de cumprir a legislação é supervalorizado e usado nas campanhas de publicidade à sociedade.
Mas, se pensarmos bem, muitas vezes essas instituições acabam por disseminar ainda mais o preconceito, afastando ainda mais o objetivo principal das cotas, que é a inclusão. Sim, cota é um meio e inclusão um objetivo. Afinal, para que exista inclusão, tem que existir muito mais além das cotas.
Quem é que já não amaldiçoou a pessoa que inventou cotas para negros na universidade? Afinal, muitas pessoas de classe social previlegiada, já se aproveitaram desse sistema para ocupar uma vaga que seria destinada as pessoas que realmente precisariam. Indivíduos que estudaram em escolas públicas medíocres e que não tiveram a oportunidade para decorar as coisas pouco aproveitáveis que são exigidas para uma prova de vestibular. E, mesmo assim, as poucas universidades que o fazem, param por ai. Cumprem as cotas, mas não dão suporte algum a essas pessoas, para que possam estar no mesmo nível do resto da turma. Não, não é porque sejam menos inteligentes. Mas porque as escolas que frequentaram não deram base alguma para que essas pessoas poderem aproveitar o conteúdo apresentado.
Mas, voltando ao objetivo principal desse post, qual é então a diferença no significado de cota e inclusão?
Cota, é um meio de se exigir da sociedade que uma parcela de vagas de determinado local seja destinada a pessoas com características comuns.
Inclusão, é fazer com que pessoas que por algum motivo estejam desfavorecidas por algum motivo (os quais não quero me aprofundar, agora) possam se equiparar aos demais através de ações que as favoreçam, com o objetivo de torná-las iguais aos demais.
Vamos colocar aqui exemplos. Uma empresa por legislação, tem que cumprir cotas (variáveis) dependendo do número de funcionários que possui. Por exemplo, uma empresa que fabrica carros contrata 5% da mão-de-obra de cegos (leia-se deficientes visuais), para cumprir cotas determinadas por lei. No entanto, essa empresa aproveita da “vantagem” desta mão-de-obra para trabalhar a noite na ausência de luz, aproveitando assim o recurso recém-contratado para gerar capital e economizar na conta de energia. Com isso, a empresa se apresenta em seminários e fóruns, falando sobre o quanto estão promovendo a inclusão dessas pessoas. Balela! Isso é cumprimento de cotas. Mas não existe inclusão nenhuma ai!
Inclusão, é fazer com que essas pessoas trabalhem junto com os demais funcionários da fábrica, oferecendo recursos para que tanto elas, quanto os funcionários, se adequem aos postos de trabalho, independente de qual seja. É alocar estas pessoas em cargos de gerência, administrativos, ou mesmo como operadores de máquinas, adequando os recursos utilizados para que estas pessoas possam cumprir bem o papel para o qual foram contratadas. É conscientizar os colegas de trabalho, sobre as dificuldades enfrentadas e como se adequar as diferenças. É fazer que, no dia-a-dia, não se faça distinção, entre as pessoas com deficiência e as que não possuem. Porque ai sim, você a esta INCLUINDO em um meio. Está fazendo com que uma pessoa, antes excluída de determinado lugar, seja ali inserida e se adapte a este. Incluir é tratar por iguais todas as pessoas, independente de sexo, raça, religião, condições físicas ou psicológicas. É claro, que algumas limitações existem. Não da para exigir que alguém faça o que o corpo não permite. Mas é possível sim, fazer com que essas pessoas se adaptem as condições oferecidas, para fazer um trabalho bem feito.
Sou da opinião, que mais vale incluir uma pessoa, do que isolar 50. Cumprir cotas, é sim uma coisa benéfica. Mas como disse anteriormente, é apenas um passo, um meio, para promover a inclusão. Depois das cotas, existem muitas ações a serem tomadas, para que a inclusão exista. E cabe não só as universidades, empresas e qualquer outra instituição esse papel, mas também a todas as pessoas envolvidas, direta e indiretamente, para que possam ser agentes de mudança e promoverem a igualdade com os seus colegas, independente das condições físicas ou psicológicas que estas apresentem. É claro, muitas vezes é um desafio. Mas podem ter certeza, que é muito prazeroso, ver como pequenas ações podem fazer uma grande diferença para o próximo.
Sou da idéia que cotas não devem ser o fim. Mas sim o meio, para promover a INCLUSÃO. Não odeie as cotas. Aproveite-se delas, para ajudar ao próximo. Mas vá fundo. Inclua. Seja você a diferença para promover a igualdade.
Por: Pedro Antônio Mendonça

Fonte: http://www.mundoacessivel.com.br/2011/11/274/